Os tradicionais jogos de aposta migraram para a tela do celular, a exemplo do conhecido “jogo do tigrinho”. Em Teresina, um jovem desenvolveu um vício nestes jogos virtuais, que conheceu em 2017, quando começou com valores baixos. Dois anos depois, por influência de terceiros, começou a apostar altas quantias.
“Você se perde quando mergulha neste mundo. Como é tudo virtual, você vai jogando e nem percebe que está deixando dinheiro ali. Quando cai em si, o buraco às vezes é grande. Apostei valores altos, fora a questão da saúde mental”, contou.
No mesmo ano em que o jovem começou a apostar, uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP) revelou que cerca de 2 milhões de brasileiros são viciados em jogos de azar. O desejo incontrolável de apostar é conhecido como ludopatia.
A facilidade apresentada pelos jogos pode gerar esse descontrole, sem que se meça os riscos e a chance de dependência. Para a psicóloga Dayane Arrais, trata-se de um transtorno compulsivo que acarreta sintomas específicos.
“Como é um transtorno, vêm a mudança comportamental, o isolamento social, as crises de ansiedade, a depressão. São jogos programados para que o jogador perca, e o cérebro entra em um ciclo vicioso de tentar até ganhar”, explica a psicóloga.
Um banco privado calculou, em agosto deste ano, os gastos e lucros dos brasileiros com casas de apostas e cassinos on-line. Sem considerar os ganhos, o total gasto foi de R$ 68,2 bilhões. Já a entrada líquida para os apostadores foi de R$ 44,3 bilhões – 64% da quantia voltou como prêmio, ou seja, grande parte do valor fica com a "banca", não há lucro aos apostadores.
Os valores chamam a atenção e, em muitos casos, alimentam a ideia de que se pode investir nas casas de apostas e cassinos virtuais. No entanto, o consultor de investimentos Ismael Bastos desestimula a prática devido ao caráter aleatório e à incerteza sobre o retorno financeiro.
“O investimento deve ser feito por meio de plataformas oficiais, e não depender de jogos de azar em que você perde em 99% das vezes. Isso tem causado problemas econômicos e sociais. Pessoas que perderam tudo precisando de tratamento para deixar o vício”, aponta o consultor.
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