A empregada doméstica, Lidiane dos Santos Silva, 40 anos, morreu nesta segunda-feira (23), após ser agredida pelo marido no riacho Siriema, na zona rural de Lagoa do Piauí (a 40 km de Teresina), e passar por atendimento médico em dois hospitais em Teresina. O casal é do povoado Baixa Grande em Monsenhor Gil (há cerca de 20 km do riacho) e foi para o local acompanhado de amigos e familiares. Lá, eles teriam se desentendido e o marido, identificado como José Carlos, começou a agredi-la. Ele teria ido embora, a deixado no riacho machucada.
A vítima foi socorrida por familiares e encaminhada para a Unidade Mista Dr. Helvídio Nunes de Barros, no final da tarde de ontem em Monsenhor Gil. Ela foi regulada para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) onde fez exames de imagem e teve alta na madrugada. Mas, hoje pela manhã ela passou mal e encaminhada para UPA do Promorar onde sofreu uma parada cardiorrespiratória.
"O que foi relatado que ela sofreu agressão e por conta disso ela foi levada ao Hospital de Monsenhor Gil e foi regulada para o HUT. Ela passou por tomografia e raio-x, foi atendida pelo médico consciente e andando com suas próprias pernas. Por volta da meia-noite ela recebeu alta do HUT e foi levada para a casa de uma irmã, em Teresina", conta Lucas da Silva, sobrinho da vítima.
Já na manhã de hoje(23), Lidiane começou a passar mal, ela relatou dores abdominais e dificuldade para respirar e foi levada pelos familiares para a Unidade de Pronto Atendimento do bairro Promorar, na zona Sul de Teresina.
"Hoje, quando fui buscá-la na casa da minha tia, ela já não andava. Coloquei ela dentro do carro com a ajuda do meu primo e ela veio deitada no banco de trás. Na UPA precisamos de maca, porque ela não conseguia mais sair de dentro do carro, não conseguia andar, mas ela estava consciente e relatou aos médicos o que estava sentindo. Ela ficou no corredor e um médico da sala vermelha veio e fez a primeira verificação", explicou.
A família aguardou cerca de 20 minutos para que Lidiane fosse chamada no painel para atendimento médico. A médica mediu a pressão da paciente, que estava 9 por 5 e, segundo relato dos familiares, a médica não conseguiu medir a saturação da paciente. Ela foi encaminhada para fazer novo raio-X. De posse do exame, a médica não constatou que não havia fratura e receitou um remédio para a paciente.
Antes que o remédio fosse ministrado Lidiane sofreu uma parada cardiorrespiratória e os profissionais de saúde da unidade não conseguiram reanimá-la.
A família está no Instituto Médico Legal (IML) aguardando o laudo cadavérico que vai determinar a causa da morte da empregada doméstica.
Família acredita que houve negligência médica
Após ter passado por dois hospitais e ter morrido sem que os médicos encontrassem uma motivação clara, a família acredita que Lidiane possa ter sido vítima de neglicencia médica.
"Primeiramente no HUT, por liberar ela. A única coisa que o médico deu foi um atestado de dois dias e uma receita de um remédio para dor, chamada cetoprofeno e ela foi liberada. E hoje aqui na UPA ela chegou com vida. Se ela tivesse sido encaminhada para a sala vermelha para ser regulada, sem precisar esperar para atendimento, eu acredito que ainda estaríamos com ela viva", desabafou.
Lidiane tinha hematomas no torax e abdômen, cabeça e membros
"A situação física dela estava complicada, ela estava com o olho roxo, várias escoriações pelo braço. A mão dela estava inchada e roxa. Ela tinha lesões nas costelas e outras nas costas. Era vísivel que a situação dela não era boa. Com um olhar mais cuidadoso se via que a situação dela era difícil, complicada. Era um caso de mais atenção médica", disse.
A família já registrou o boletim de ocorrência e disse que o relacionamento entre Lidiane e José Carlos era conturbado. Segundo os familiares, ele, inclusive, já havia feito disparos de arma de fogo na frente da casa dos pais de Lidiane, mas que essas situações não chegaram a ser registradas pela família ou mesmo por Lidiane na polícia.
Hoje, o suspeito de ter agredido a empregada doméstica entrou em contato com um irmão da vítima e disse "não ter batido tanto assim nela".
"Minha tia tem um metro e cinquenta de altura, ele tem um metro e noventa e oito e pesa 130 quilos, um homem enorme, você imagina uma situação dessa", finalizou Lucas que aguardava liberação do corpo da tia no IML.
O Cidadeverde.com entrou em contato com a Delegacia de Demerval Lobão, que deve investigar o caso, mas não obteve sucesso.
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