Conforme a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e aos Grupos Vulneráveis (Deamgv), a suspeita vai responder por homicídio tentado contra Ulisses, que sobreviveu, e homicídio consumado contra João Miguel. Tanto o crime tentado como o consumado têm as seguintes qualificadoras:
O Ministério Público do Piauí (MPPI) denunciou Lucélia pelos mesmos crimes apontados pela polícia. A suspeita foi presa em flagrante, negou as acusações e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça dias depois. Ela continua detida na Penitenciária Mista de Parnaíba.
João Miguel da Silva, de 7 anos, morreu vítima de envenenamento — Foto: Reprodução
Uma perícia feita pelo laboratório de toxicologia forense do Instituto Médico Legal (IML) foi concluída na terça-feira (15) e comprovou que os cajus comidos por Ulisses e João Miguel estavam envenenados com terbufós.
Segundo o diretor do IML, o médico Antônio Nunes, os cajus continham terbufós, uma substância tóxica, da classe dos organofosforados, utilizado como inseticida e nematicida (pragas de plantas). A substância é semelhante ao "chumbinho", porém mais nocivo.
Segundo a Polícia Civil, os dois meninos receberam um saco de cajus que teria sido oferecido pela vizinha, suspeita de envenenar as crianças. Os dois irmãos foram socorridos, no dia 23 de agosto, em estado grave com sintomas de envenenamento na cidade de Parnaíba.
Mulher é presa suspeita de envenenar crianças no litoral do Piauí
Ao g1, Francisca contou que a sequela deixou a coluna do menino rígida e limitou a movimentação de Ulisses. Apesar disso, ele está consciente e reage aos familiares com os olhos, ainda sem falar. Segundo a mãe, a equipe médica não deu previsão de alta, que está condicionada à melhora da mobilidade do garoto. Procurado, o HUT informou apenas que o paciente continua na UTI.
O caso continua sob investigação da Polícia Civil.
Ulisses e João Miguel moravam com a mãe em uma residência no residencial Dom Rufino, na periferia de Parnaíba, litoral do Piauí. A mãe dos irmãos relatou que, na sexta-feira (23), o filho mais velho chegou à casa da família com um saco de cajus, que teria sido oferecido pela vizinha Lucélia Maria, suspeita de envenenar as crianças.
“Ele foi comer os cajus com o irmão e os dois saíram para brincar. Quando o mais novo voltou, disse que estava tonto, se sentindo mole e me pediu para segurá-lo. Eu o segurei e ele estava roxo, com a língua preta, babando e vomitando o caju”, lembrou Francisca.
O filho caçula foi levado ao hospital e, pouco depois, o irmão mais velho também deu entrada com os mesmos sintomas, levado pelo tio das crianças. Francisca disse ainda que não tem qualquer relação com a vizinha suspeita do crime.
Os irmãos foram entubados no Hospital Nossa Senhora de Fátima, anexo do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba. O transporte das crianças à capital foi feito por uma aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Crianças ficam em estado grave por envenenamento e vizinha é presa em Parnaíba — Foto: Tiago Mendes/TV Clube
Na decisão que converteu a prisão em flagrante da suspeita em preventiva, o juiz Marcos Antonio Moura Mendes apontou que a materialidade do crime foi demonstrada e existem indícios de autoria, tais como:
Os policiais encontraram, debaixo de uma cômoda na casa de Lucélia, invólucros de uma substância que seria estricnina, conhecida popularmente como "chumbinho". A substância pode provocar desordem convulsiva, contrações musculares e falência respiratória.
O material, contudo, continua em análise pela perícia da Polícia Civil. Também está sendo analisando o material encontrado no estômago das crianças.
A mulher alegou que utilizava a substância para matar ratos. O material e uma sacola com cajus foram apreendidos e levados para perícia no Instituto de Criminalística. A suspeita está presa na Penitenciária Mista de Parnaíba.
Vizinhos incendiaram residência de suspeita de envenenar crianças durante a noite — Foto: Reprodução
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