O Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI) realizou duas interdições éticas nos hospitais das cidades de Caracol e Gilbués, cidades distantes cerca de 700 km de Teresina. Entre as irregularidades encontradas, os hospitais não tinham enfermeiros 24 horas e nem enfermeiros responsáveis técnicos pelos procedimentos.
O g1 tentou contato com as Secretarias de Saúde dos dois municípios, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Nas rede sociais, a prefeitura de Gilbués informou que vai tomar as providências para resolver os problemas apontados.
Segundo o Conselho, na cidade de Gilbués foram interditados os serviços de enfermagem da Unidade Mista de Saúde Areolino Macarenhas. Duas ilegalidades foram informadas pelo Coren: a inexistência de enfermeiro 24 horas e a ausência de enfermeiro responsável técnico pelos serviços de enfermagem.
"A unidade de saúde em funcionamento sem enfermeiro 24 horas e sem enfermeiro responsável técnico é uma situação que coloca a qualidade do serviço de Enfermagem prestado em risco, tanto para os profissionais, como para a sociedade. Com o objetivo de proteger a todos, o Coren realizou essa intervenção”, explicou o conselheiro Wendel Alves.
A interdição acontece após as etapas de fiscalização, notificação e abertura de procedimento de sindicância do Coren-PI, e a desinterdição pode ser solicitada, a partir da resolução dos problemas diagnosticados.
A Unidade Mista de Saúde, conforme o Conselho, assinou um termo que indica a tomada de medidas necessárias. Nas redes sociais, a prefeitura informou que os problemas serão solucionados e que os atendimentos médicos permanecem no hospital.
Na manhã de terça-feira (25), em Caracol, os serviços de enfermagem da Unidade Mista Senador Dirceu Mendes Arcoverde foram interditados. Na cidade, o presidente do Coren, Antônio Francisco Luz, informou que ingressou com uma ação civil pública para garantir as melhorias.
Coren flagra irregularidades em hospitais e interdita setores de enfermagem em Gilbués e Caracol, no Sul do Piauí — Foto: Divulgação/Coren-PI
De acordo com o Conselho, a estrutura do local está danificada e infiltrações no teto e paredes foram encontradas, além de mobília enferrujada e falta de conservação das enfermarias. Outra irregularidade é a ausência de um ambiente adequado para o descanso dos profissionais, que não possui, por exemplo, água para os sanitários.
“Enfrentamos uma enorme resistência das autoridades locais, que ameaçaram não cumprir a determinação. O hospital apresenta irregularidades gravíssimas e danificação geral da estrutura física, os profissionais não têm as mínimas condições para continuar trabalhando no local”, destacou Arthur Antunes, assessor técnico do Coren-PI.
Diante da situação, segundo o presidente do Conselho, uma ação civil pública foi instaurada.
"Fomos pegos de surpresa quando os gestores do município, o prefeito e o secretário municipal, obrigaram a direção do hospital a desafixar os termos de interdição ética. Já acionamos a nossa procuradoria jurídica para ingressar com ação para garantir nossa interdição", informou.
A prefeitura da cidade não se manifestou sobre a situação.
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